Desde sua criação, o Observatório da Comunicação Religiosa, órgão ligado à Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil e à Comissão Brasileira Justiça e Paz, vem alertando os cristãos sobre o perigo do uso da religião como forma de propagação de discursos de ódio, violência e divisão.
Nos últimos anos, instituições e líderes religiosos aliados ao poder político e econômico de grupos neoliberais e anti-democráticos têm destilado todo o tipo de veneno nas mídias sociais, usando o nome de Deus.
Recentemente, as redes sociais foram mobilizadas com o discurso de um autodenominado pastor dizendo que Deus deveria arrebentar a mandíbula do presidente da República e que os fieis deveriam pedir a Deus para que os ministros do Supremo Tribunal Federal fiquem doentes
Na companhia de um deputado federal antidemocrático e de viés fascista, o dito pastor e o parlamentar demonstraram o que há de mais abjeto no uso da religião como instrumento de produção de uma cultura anticristã e antidemocrática.
Corretamente, o ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que a Polícia Federal investigará a fala do pastor por incitação à violência. Afinal, liberdade de expressão e liberdade religiosa não podem ser evocadas para práticas criminosas, entre elas a utilização da religião como instrumento de poder, manipulação e produção de uma religiosidade violenta e preconceituosa.
Além das ações do Poder Público, nos vários níveis, e da sociedade civil que devem reagir à manipulação religiosa, precisamos, individualmente, contribuir com nossa parcela de responsabilidade no uso das redes sociais.
É preciso que cada cristão colabore no enfrentamento da mentira e dos discursos de ódio. Aqui vão algumas dicas:
– Nas redes sociais, não participe de grupos autodenominados religiosos que utilizam da religião com interesses ideológicos, econômicos, moralistas, discriminatórios, preconceituosos ou para a produção de discursos de ódio;
– Sempre desconfie de informações alarmistas, moralistas, preconceituosas, salvacionistas e antidemocráticas que você recebe nas mídias sociais. Mesmo que essa informação seja enviada por um amigo, parente ou líder religioso.
– Não divulgue em suas redes sociais informações recebidas nas mídias sem antes verificar a fonte e a veracidade.
– Haja com responsabilidade e ética cristã: não permita ser usado por grupos que propagam violência, preconceitos, discriminações e discursos de ódio.
O Observatório da Comunicação Religiosa lembra de uma das passagens do sermão das bem-aventuranças. Disse Jesus:
‘Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!’