Sobre Inteligência Artificial

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Um dos dilemas éticos contemporâneos é sobre a relação e os interesses, sobretudo econômicos, dos seres humanos com as tecnologias. Como nós, humanos, lidamos com as tecnologias e as máquinas?

Quem não se lembra do filme Frankenstein? Esse filme trata de questões muito atuais. Além de uma história ficcional e de fantasias, é, também, uma complexa mistura de metáforas e reflexões sobre a humanidade.

Até que ponto nossa sociedade hiperindividualista, narcísica, consumista — que deveria ser acolhedora e cuidadora das pessoas — é, na verdade, uma sociedade invasiva, segregadora, preconceituosa e cheia de pessoas que desumanizam aqueles que são diferentes ou não se encaixam em parâmetros considerados normais?
Essa reflexão esteve presente no encontro do Papa Francisco com o chamado G7, o grupo dos líderes das maiores economias mundiais. O encontro ocorreu na Itália, na primeira quinzena de junho de 2024.

No encontro com esses poderosos líderes econômicos — não necessariamente líderes de países onde seus cidadãos são felizes –, o Papa Francisco alertou sobre as potencialidades e os perigos da Inteligência Artificial.

Francisco reconheceu que o uso da Inteligência Artificial representa uma “transformação histórica” para a humanidade. Mas, a tecnologia precisa estar a serviço da vida e da dignidade humanas.

Disse o Papa: “Forçaríamos a humanidade a um futuro sem esperança se tirássemos a capacidade das pessoas de tomar as decisões sobre si mesmas e suas vidas, condenando-as a depender das escolhas das máquinas”.

O Observatório da Comunicação Religiosa lembra que há algum tempo o Papa já tinha advertido que a Inteligência Artificial deve servir a humanidade e não enriquecer poucos “gigantes tecnológicos”.

E aí está o dilema de Frankenstein e da humanidade: a luta pelo espaço negado, as expectativas e os desejos frustrados de cada um de nós, somados à insensibilidade daqueles que estão na posição de poder, podem fazer com que o uso das ferramentas de comunicação, como a Inteligência Artificial, desperte o monstro que habita em nós.

Há muitas pessoas que na busca de caminhos independentes para tentarem se fazer acreditadas, compreendidas, amadas e aceitas rejeitam qualquer limite ético.
Desse sentimento de rejeição, do medo e do ódio, inclusive religioso, surgem ações monstruosas que podem estar presentes na comunicação, incluindo no uso da Inteligência Artificial.

Não nos deixemos manipular pelas novas tecnologias! E, neste ano eleitoral, tenhamos cuidado com as manipulações inescrupulosas utilizando-se da Inteligência Artificial.

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