Assistam à reportagem sobre a População em Situação de Rua, da TV Aparecida. Um verdadeiro filme. Ela mostra riquíssimas capitais do Brasil e um de seus maiores escândalos: a miséria do povo de Rua.
Tendo Ir. Alan Zuccherato e Pe. Mauro Vilela como diretores de programação e produção, a Camila Morais, jornalista e produtora da TV Aparecida, com grave semblante e voz assertiva, assume, com competência e indignação, senso de justiça e compaixão, a tarefa de nos inserir no mundo das pessoas que vivem nas ruas: mais de 281 mil no Brasil, mais de 52 mil em São Paulo, mais de 13 mil no Rio de Janeiro, mais de 11 em Belo Horizonte, quase 8 mil em Salvador e Brasília.
A reportagem afirma, com exemplar profetismo jornalístico, que este é um dos maiores desafios para a Igreja no mundo: dar pão (que significa tudo que é necessário) a quem tem fome! O desafio é mostrado com imagens de detalhe impactantes, colhidas, pelo Diego Rosa.
Ás pessoas de rua é dada a palavra. Elas narram, analisam e provam sentimentos e reações em nós, com uma linguagem de quem sabe o que é a “dor” e sabe que tal dor é causada pela violação de seus “direitos”, por parte de maus governantes, legisladores, magistrados e da indiferente e atrasada elite brasileira, que tem aversão aos pobres e intolerância à justiça.
Alguns projetos de Pastoral do Povo de Rua são destacados pela prática da fraternidade e pela pedagogia que considera o povo de rua, sujeito de sua libertação. São mostrados leigos e leigas, padres, religiosas, cristãos e não cristãos, amantes da dignidade humana, praticantes do novo humanismo solidário, de que tanto nos fala o Papa Francisco. Porque todos eles se colocaram ao lado dos perseguidos, excluídos e difamados, também eles são perseguidos, excluídos e difamados.
Vejam o trabalho do Pe. Júlio Lancellotti, do Pe. Paolo Parisi e dos missionários scalabrinianos, do Pe. João e Ir. Henrique da Comunidade da Trindade, dos muitos colaboradores servidores da vida.
Belo Horizonte tem sido uma boa referência dessa Pastoral, tem preparado líderes para o trabalho de promoção humana e está desenvolvendo o Canto da Rua, um projeto que ocupará 13.000 metros quadrados para atendimento integral a esse povo.
A Pastoral do Povo em situação de Rua encontra na Comissão Episcopal Sociotransformadora da CNBB e em alguns parceiros públicos, o apoio que possibilita continuar o caminho.
Ela está presente em 18 Estados e 39 cidades brasileiras, escutando o constante clamor, às vezes só gemidos, das pessoas que se encontram em situação de rua, em busca de autonomia da vida, oportunidades, paz e dignidade, justiça e alegria de viver, de renda e moradia, para que sejam “contados como gente”. “Viver na rua vira lixo”.
Esta é a Igreja sendo “Igreja pobre, para os pobres”, como deve ser a Igreja. Assistir a essa reportagem é como ter o evangelho aberto diante de nós, a nos interpelar: “convertei-vos! Amai-vos uns aos outros!”