Olá!
A partir do Observatório da Comunicação Religiosa, compartilho com vocês algumas inquietações.
Em 1968, há 57 anos – imaginem! – realizou-se a 2ª Conferência Geral dos Bispos Latino-americanos, na cidade de Medellín, Colômbia. Os bispos deixaram um ensinamento muito importante para esclarecer a missão da comunicação na sociedade e na Igreja. Disseram:
“Os MCS se convertem em agentes ativos do processo de transformação, quando se colocam a serviço de uma autêntica educação integral, apta para desenvolver o homem todo, capacitando-o a ser o artífice de sua própria promoção; o que se aplica também à evangelização e ao crescimento da fé” (Cap. 16, § 6).
Quando falaram dos Meios de Comunicação Social, pensavam na comunicação como um todo.
Uma comunicação com objetivo, com propósito claro, que não era defender interesses institucionais, tampouco maquiar a imagem de quem quer que seja, mas participar ativamente dos processos de transformação. Transformar, em contexto latino-americano, é mudar a realidade de desigualdades e injustiças, de regimes ditatoriais e opressores, de falta de qualidade na saúde e na educação.
Mas isso só é possível se a comunicação cumprir sua tarefa de colaborar no desenvolvimento integral do ser humano — e de todos os seres humanos — a fim de que sejam artífices de sua própria promoção e libertação.
Ainda nos inquieta a orientação de que isso deve ser aplicado à evangelização e ao crescimento da fé. Temos assistido a uma verdadeira corrida midiática digital por parte de líderes religiosos e religiosas, que em nada transparecem comprometidos com a evangelização que seja “apta para desenvolver a pessoa humana, capacitando-a a ser artífice de sua própria promoção”, ainda que falem o nome de Deus e em nome de Deus.
Essas provocações nos recordam que a comunicação, quando exercida de forma ética e comprometida, não é apenas ferramenta, mas caminho de transformação. Cabe a nós, como Igreja e sociedade, discernir se estamos utilizando os meios para fortalecer a vida, a fé e a dignidade humana, ou se estamos apenas reproduzindo lógicas que alienam e afastam. Afinal, comunicar é sempre um ato de responsabilidade e de esperança.
Brasília, 29 de agosto de 2025.
Dom Joaquim Giovani Mol.





