Leitura Crítica da Comunicação

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Nas décadas de 1970 e 1980, a Igreja Católica, através da União Cristã Brasileira de Comunicação, investiu numa metodologia denominada Leitura Crítica da Comunicação. 

Essa metodologia avaliava criticamente os conteúdos produzidos pela mídia e tinha como critérios de análise: os princípios e valores cristãos, a ética e a cidadania. 

O Programa LEITURA CRÍTICA DA COMUNICAÇÃO se concentrava na análise de conteúdos televisivos violentos ou descontextualizados, como o abuso na exposição da violência, a exploração do sexo e a naturalização, pela mídia, de preconceitos contra grupos sociais. 

Para formar bons comunicadores populares, eram oferecidos cursos de comunicação de curta duração para agentes de pastorais, religiosos e estudantes secundaristas. Esses cursos práticos de comunicação tinham como objetivo instrumentalizar os estudantes para tomassem consciência das contradições entre os valores cristãos, democráticos e republicanos e a banalização de tais valores propostos pela mídia.

Em pleno século XXI uma nova realidade está posta: com a popularização da internet e das redes sociais todos somos produtores e divulgadores de comunicação. E, não obstante certa democratização da mídia, o fato é que as redes sociais, que geram muitas oportunidades e encontros, também se tornaram terra fértil para a propagação de discursos de ódio, violência, ataques à democracia e às instituições sociais; campo fértil para notícias falsas e até mesmo manipulação religiosa.

Antes éramos apenas receptores de conteúdos produzidos pela mídia; agora somos produtores, emissores e também manipulamos conteúdos para transmiti-los e retransmiti-los. Somos atores comunicacionais. 

E esse novo papel do cidadão em relação à comunicação, sem a devida educação nessa área, não impede o fenômeno da manipulação, da produção de realidades paralelas e da criação de redes comunicacionais violentas, perigosas e perversas.

Redes sociais produzem também sujeitos passivos, acríticos, impotentes e, inclusive, replicadores de comunicação mentirosa, como por exemplo, as fake news, que recebemos diariamente em doses cavalares.

Como produtores de informação devemos ter uma apurada consciência ética e política do nosso papel social, político e religioso.

Portanto, antes de comunicadores precisamos ser bons receptores, leitores e avaliadores da comunicação que recebemos ininterruptamente. 

Analisar criteriosamente os conteúdos recebidos, checar as fontes, pesquisar as origens das mensagens e quais interesses motivam determinados conteúdos, principalmente conteúdos “sensíveis”, como temas morais, religiosos, etc. torna-se fundamental para o estabelecimento de novos modos de comunicação.

Neste novo e desafiador contexto social, político e religioso seria muito importante retomarmos, como parte de um processo de educação política e à cidadania, os princípios que forjaram, no passado, o projeto da Leitura Crítica da Comunicação.

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