Visibilidade ou encontro: o risco de comunicar sem ser presença

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Vivemos, atualmente, um tempo em que a comunicação se tornou mais veloz, mas ao mesmo tempo, frágil. No ambiente eclesial, muitas vezes se assume as redes sociais digitais como vitrines da missão, mas isso a custo do risco que essas redes carregam: a tentação de confundir visibilidade com presença. Repercussão não é presença. Métrica não é sucesso de uma comunicação evangelizadora.

A comunicação religiosa hoje é desafiada a anunciar a Boa-Nova em um mundo profundamente mediado por telas, mas pra ser verdadeiro, o anúncio precisa carregar o que Papa Francisco sempre nos lembrou: o estilo da proximidade. Para isso, é preciso ter e ser presença, compartilhar, escutar, agir para além da lógica do imediatismo, da produtividade acima de tudo e, ainda, dos algoritmos que priorizam o engajamento antes mesmo da autenticidade.

Já pararam pra observar que, muitas vezes, equipes de comunicação das comunidades paroquiais, dioceses, ou outras instâncias de comunicação religiosa, se reduzem quase exclusivamente à tarefa de alimentar as redes, como se bastasse apenas publicar algo, sem qualquer discernimento crítico? Perde-se tempo atrás de formatos, efeitos, tendências, enquanto, na maioria das vezes, deixamos de cultivar processos de escuta que devem fundamentar a comunicação de uma Igreja em saída.

Há quem transforme a missão em marketing, a vida comunitária em vitrine. Se a gente parar pra observar é possível perceber que isso nos revela algo delicado: uma comunicação meramente tecnicista, apenas funcional, e se isso acontece, deixa de ser encontro, perde seu caráter profético. E aqui o Observatório da Comunicação Religiosa faz um questionamento: será possível os organismos de comunicação da Igreja Católica no Brasil recuperarem a coragem de serem menos performáticos e mais evangelizadores? Serem estratégicos sem deixar de serem compassivos? Não apenas focar em números, mas também no comprometimento com histórias concretas? Afinal, comunicar é gerar vínculos construindo pontes onde o mundo ergue muros.

Talvez um desafio, entre tantos, nesse ambiente da comunicação religiosa nas mídias sociais seja este: não deixar que a lógica das grandes plataformas não se sobreponha ao anúncio da Palavra, mas ao contrário, que a Palavra molde profundamente nosso modo de comunicar.

Que possamos recomeçar com um olhar mais sensível, afinal, não precisamos de um lugar de discursos, mas de um território de presença.

Brasília, 05 de dezembro de 2025.
Janaína Gonçalves.

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