A principal tarefa do Observatório da Comunicação Religiosa é oferecer, pelos canais institucionais existentes, o acompanhamento permanente das diferentes formas de comunicação que ocorrem no âmbito da Igreja, colaborando para que estejam sempre em sintonia com as Diretrizes de Comunicação da Igreja no Brasil, emanadas da CNBB, atualizadas e complementadas pelos documentos pastorais específicos que vão surgindo ao longo do tempo.
Um exemplo desses documentos são as mensagens que o Papa publica a cada janeiro para o Dia Mundial das Comunicações Sociais que é celebrado no domingo que antecede à Festa de Pentecostes.
Uma das preocupações daqueles que trabalham na comunicação religiosa, tem sido adaptar-se ao novo mundo da internet diante das imensas possibilidades que ela oferece, sobretudo, pelo acesso às redes digitais, hoje disponíveis universalmente através dos telefones celulares e dos computadores pessoais.
Uma iniciativa chamada “A Igreja escuta-te”, do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé e a Rede Informática da Igreja na América Latina, ouviu mais de 110 mil pessoas sobre suas atividades evangelizadoras digitais em sete idiomas e em 115 países. O Relatório do Sínodo Digital foi encaminhado ao Sínodo sobre Sinodalidade em outubro de 2022. Nele há o reconhecimento da enorme importância dos influenciadores/evangelizadores digitais – sacerdotes, religiosos, catequistas, leigos – e a proposta de que a Igreja tenha uma Pastoral Digital – orgânica, sistemática e institucional – para “animar e coordenar a vida já existente de múltiplas ações evangelizadoras” no Continente Digital.
Uma Pastoral Digital se torna necessária, segundo o Relatório, diante da constatação de que a utilização das redes digitais por influenciadores religiosos tem também exacerbado divergências e polarizações dentro da própria Igreja.
Conceituado organismo de assessoria pastoral constatou, em recente análise da conjuntura brasileira, que “Os portais de notícias e as redes sociais captam o interesse dos que navegam no mundo virtual e os colocam em contato com os que possuem interesse parecido, criando o fenômeno dos influenciadores, que determinam gostos e opções em seus seguidores, tanto no âmbito estético quanto ético, político e religioso. Boa parte da polarização ocorrida no Brasil nos últimos anos se deu através das redes sociais e seus influenciadores, muitos deles também com apelo religioso. O uso da religião para fins políticos ganhou então nova configuração. Muitos grupos religiosos, católicos ou não, têm sido bombardeados com uma avalanche de notícias (muitas delas falsas) sustentadas na negação da ciência e da evidência”.
É preciso, portanto, que todos fiquemos ainda mais atentos com as inúmeras mensagens que chegam até nós pelos diferentes meios de comunicação, em especial, pelas redes digitais. É necessário que aprendamos a discernir o verdadeiro do falso.
Fiquemos, então, com um ensinamento do Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2018. Diz ele: “Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao contrário, tende a isolar, dividir e contrapor. Por isso, a verdade não se alcança autenticamente quando é imposta como algo de extrínseco e impessoal; mas brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca. Além disso, não se acaba jamais de procurar a verdade, porque algo de falso sempre se pode insinuar, mesmo ao dizer coisas verdadeiras. (…) A partir dos frutos, podemos distinguir a verdade dos vários enunciados: se suscitam polêmica, fomentar divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo e a uma atividade profícua.”
Assim seja!