Semana da Pátria

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Olá,

Na semana em que comemoramos a independência do Brasil, o Observatório da Comunicação Religiosa gostaria de compartilhar com você algumas luzes de esperança. Apesar de nosso país ainda deixar tantos irmãos e irmãs à beira do caminho, esses mesmos irmãos nos inspiram a luz da esperança. Geralmente a grande mídia, os meios hegemônicos de comunicação, tolhem nossa esperança. Todos precisamos de esperança. Ela é a centelha que nos impele no presente e nos aponta o horizonte. Jesus nos ensinou que devemos ser Sal da Terra e Luz do mundo.

  • A luz da organização dos simples, dos anônimos. De homens e mulheres, de uma ponta a outra do Brasil, que insistem em remar contra a corrente do egoísmo, da intolerância, da violência, do crime; e acreditam num mundo diferente.
  • A luz dos que plantam a semente da justiça, lá onde quase ninguém quer ir: nos becos, nos morros, nas favelas, nos acampamentos, nos quilombos, nas ocupações, nas roças, nas ribeiras…
  • A luz da arte rural e da periferia. Das mulheres margaridas, que gritam contra o feminicídio. Nenhuma mulher a menos. Ir. Dorothy, presente! Mãe Bernadete presente! Iranir, minha mana, presente! Todas as mulheres ceifadas, tanto sangue derramado pelo machismo, pelo patriarcalismo. Mulheres, presente! O corpo de mulher é sagrado. Maldita toda violência.
  • A luz dos jovens e seus olhos que brilham, que rimam a vida com palavras e ritmos, com a ginga, com seus modos de andar, vestir e encarar a vida.
  •  A luz das rodas de capoeira e dança de rua, espalhadas por nosso país, cantando o misto de memória, alegria e resistência de um povo marcado pela dor, marcas no corpo. Poucos sabem traduzir o texto de uma ruga. Rugas do tempo, imposta pelas horas a fio de trabalho árduo e salário miserável.
  • A luz das mãos que sabem misturar tantos ingredientes para a feijoada, o vatapá, o acarajé, o caruru; com o sabor do azeite de dendê. O mungunzá, o pirão, o tutu, o arroz carreteiro e o feijão tropeiro, a moqueca, o cuscuz, a pamonha, o tucupi, o arroz com jambu, pequi, baião de dois. Deus nos deu um céu na boca!
  • A luz dos movimentos e grupos organizados, no campo e na cidade: dos “sem-nada”, tantas vezes incompreendidos e perseguidos pelos que sempre usufruíram da alta cultura, das finas e ricas iguarias.
  • A luz das lutas das mães que perderam seus filhos para a violência e para a droga. Elas clamam em suas lágrimas a sensibilidade dos hipócritas, daqueles de terno e gravata em seus escritórios frios, que fazem da política sua autopromoção, enquanto deveriam fomentar políticas públicas e promover o direito e a justiça.
  • A luz da sabedoria popular que aprendeu a harmonizar humanidade e natureza e que há muito tempo já percebia os efeitos da exploração dos recursos naturais em detrimento do deus mercado. A sabedoria dos antigos, nossos ancestrais, povos originários, e dos que sobreviveram aos navios negreiros e toda a violência aqui imposta; e mesmo assim sabem ler os sinais dos tempos, apreciam o canto dos passarinhos, do nosso sabiá laranjeira, que canta desde à madrugada, aguardando a aurora do novo dia, dissipando a noite escura…Viva os povos brasileiros!

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