Numa cultura que prega o hiperindividualismo e uma liberdade sem limites e sem nenhuma responsabilidade, as mídias digitais (WhatsApp, Facebook, Instagram, YouTube, Tiktok, entre outras) se transformaram em terra sem-lei, onde todas as formas de violência são utilizadas sem pudor.
Nas redes sociais, os discursos de ódio, as notícias falsas e múltiplas formas de agressão têm sido premiadas: algoritmos e monetização impulsionam redes de ódio, criando grupos cada vez mais herméticos e violentos.
Sob o ponto de vista político, a maioria desses grupos violentos está relacionada à chamada “extrema direita”; sob o ponto de vista religioso, os grupos que espelham ódio e rancor estão associados ao fundamentalismo.
Com o adoecimento do Papa Francisco (e sua internação), pessoas que se dizem cristãs e católicas têm utilizado as redes digitais com atitudes totalmente anticristãs travestidas de moralismos, julgamentos, condenações e impropérios de toda ordem.
Muitos que se auto intitulam “católicos defensores da sã doutrina” e que bradam em defesa da vida, desde seu início até o seu fim natural, paradoxalmente, desejam a morte do líder da Igreja, símbolo da unidade eclesial.
Ao resumir sua missão, Jesus deixou claro: “eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Portanto, desejar a morte de outrem é afronta imperdoável para aqueles que se dizem seguidores do Deus da vida.
Um silêncio ensurdecedor paira entre tantos cristãos que, vendo o Papa ser atacado de forma impiedosa (inclusive em veículos de comunicação de instituições religiosas), não aproveitam da ocasião para se posicionarem firmemente contra todos os discursos de ódio, deixando claro que todas aquelas pessoas que utilizam do cristianismo para atacar e ofender a vida negam o Evangelho.
O OBSERVATÓRIO DA COMUNICAÇÃO RELIGIOSA, além de manifestar veemente repúdio a essas posturas e estranhar o obsequioso silêncio frente a essas agressões, exorta os líderes e as instituições religiosas a enfrentar os grupos extremistas e fundamentalistas que, manipulando a fé, pervertendo o Evangelho e instrumentalizando a Doutrina cristã, não poupam nem mesmo o Papa.
Brasília, 03 de março de 2025