As mídias digitais se tornaram parte inseparável da vida contemporânea. Redes sociais, aplicativos e plataformas de vídeo modificaram radicalmente a forma como nos comunicamos, buscamos informação e nos relacionamos com o mundo. Contudo, esse avanço também exige atenção. O crescimento da comunicação violenta nos ambientes digitais tem sido um fenômeno preocupante, observado e analisado pela Assessoria de Comunicação Ir. Maria Neusa do Observatório da Comunicação Religiosa.
A violência na comunicação digital não se limita ao uso de palavras ofensivas. Ela se manifesta em atitudes que desqualificam o outro, impõem verdades únicas, disseminam desinformação, incitam o ódio e silenciam vozes divergentes. Comportamentos como ataques pessoais, discursos de ódio, hostilidade nos comentários, cancelamentos e polarizações tornaram-se frequentes nas redes.
Por trás das telas, muitas pessoas se sentem protegidas pelo anonimato e distantes das consequências de suas palavras. A ausência do contato humano direto favorece a perda da empatia e o enfraquecimento do respeito mútuo. Além disso, a velocidade com que os conteúdos são compartilhados estimula reações impulsivas e, frequentemente, agressivas, o que compromete qualquer tentativa de diálogo construtivo.
Outro aspecto que merece atenção é o funcionamento dos algoritmos. As plataformas tendem a reforçar bolhas de opinião, apresentando conteúdos alinhados ao que o usuário já pensa ou consome. Isso limita o acesso a diferentes perspectivas, alimenta a intolerância e contribui para a radicalização de discursos.
Ambientes digitais que poderiam ser espaços de escuta, aprendizado e encontro tornam-se, cada vez mais, territórios de conflito e exclusão. Diante desse cenário, o Observatório da Comunicação Religiosa propõe uma reflexão ética urgente sobre a forma como nos comunicamos nas redes.
É fundamental resgatar valores como escuta, empatia, respeito e responsabilidade. A comunicação deve ser instrumento de construção de pontes, promoção da justiça e cultivo da paz. Embora as mídias digitais tenham ampliado o acesso à informação, elas exigem de cada um de nós um compromisso com uma comunicação não violenta, capaz de valorizar a dignidade humana e colaborar para a construção de ambientes digitais mais saudáveis, humanos e promotores de esperança.
Brasília, 16 de julho de 2025.