O Observatório da Comunicação Religiosa acompanha as mensagens do Papa Francisco na busca de lições para a nossa prática de comunicadores cristãos.
Quero me referir hoje a dois eventos recentes no Vaticano. Primeiro, com uma delegação da Sociedade de Jornalistas Católicos da Alemanha. E segundo, com participantes do simpósio “Universidade de Comunicadores da Igreja” promovido pela Conferência Episcopal Francesa.
O Papa lembrou, citando a Carta de Paulo aos Efésios, que a comunicação nos ajuda a ser “membros uns dos outros”, “chamados a viver em comunhão, em uma rede de relações em contínua expansão”. Observou ele: “Quantos conflitos hoje, em vez de serem extintos pelo diálogo, são alimentados por notícias falsas ou declarações inflamadas que passam pela mídia? Por isso, é ainda mais importante que (jornalistas), fortalecidos pelas raízes cristãs e pela fé vivida quotidianamente, ‘desmilitarizados’ no coração pelo Evangelho, apoiam o desarmamento da linguagem”. (…) Há uma necessidade urgente de “promover tons de paz e compreensão, construir pontes, estar disponíveis à escuta, exercer uma comunicação respeitosa para com os outros e as suas razões”. Além disso, “o que se espera dos comunicadores cristãos é que saiam ao encontro das pessoas marginalizadas. E por isso também são necessários comunicadores que destaquem as histórias e os rostos daqueles a quem poucos ou ninguém presta atenção”. “Quando comunicarem, insiste o Papa, pensem sempre nos rostos das pessoas, especialmente dos pobres e simples, e partam deles, da sua realidade, dos seus dramas e das suas esperanças, mesmo que isso signifique ir contra a corrente e desgastar as solas dos sapatos”.
Dirigindo-se aos comunicadores franceses o Papa lembrou que “o desafio de uma boa comunicação é hoje mais complexo do que nunca, e o risco é abordá-lo com uma mentalidade mundana: com uma obsessão por controle, poder, sucesso; com a ideia de que os problemas são principalmente materiais, tecnológicos, organizacionais e econômicos. Para nós, disse o Papa, “comunicar é estar no mundo para cuidar do outro, dos outros, é ser tudo para todas as pessoas; é compartilhar uma leitura cristã dos acontecimentos; é não se render à cultura da agressão e da difamação; é construir uma rede de compartilhamento do bem, do verdadeiro e do belo, feita de relacionamentos sinceros”. (…) “Para tanto, é necessário lembrar sempre de três palavras: testemunho, coragem e olhar amplo.
A comunicação é, acima de tudo, testemunho. E quando ela é feita de palavras, de imagens, é uma forma de compartilhar esse testemunho. É isso que nos dá crédito em nossa relação com a mídia (não religiosa). A segunda palavra: não tenham medo, mas coragem. Uma coragem que vem da humildade e da seriedade profissional, e que faz de sua comunicação uma rede coesa e, ao mesmo tempo, aberta e extrovertida. A terceira palavra é olhar amplo. Olhar para longe. Olhar para o mundo inteiro em sua beleza e complexidade. Em meio aos murmúrios de nosso tempo, a incapacidade de ver o que é essencial, descobrir que (aquilo) que nos une é sempre maior do que (aquilo) que nos divide; e isso deve ser comunicado, com a criatividade que vem do amor”.
Em tempos de Quaresma, vamos incluir as lições do Papa Francisco em nossas reflexões.
E que elas orientem nossa prática de comunicadores cristãos.
Assim seja!