Nosso colega Robson Sávio, do Observatório da Comunicação Religiosa, nos lembrou recentemente que “a mídia cristã não é neutra”, que “a ética cristã exige mais do que a imparcialidade jornalística” e que “a missão da mídia cristã é promover a justiça social, a dignidade humana e a fraternidade”.
Queremos refletir hoje sobre a necessidade imperativa de que a mídia cristã dê voz àqueles que têm sido excluídos e silenciados em nossa sociedade — aqueles que vivem encapsulados naquilo que o educador Paulo Freire chamou de cultura do silêncio.
A cultura do silêncio corresponde a “formas de ser, pensar e expressar” que constituem a ambiência da opressão. Nela prevalece o tolhimento da voz, da comunicação, a incomunicabilidade; a ausência do direito à fala, a inexistência do diálogo, a manipulação e o silenciamento.
A manutenção dessa cultura exige que ações deliberadas de silenciamento sejam implementadas. Entre nós, exemplos históricos eloquentes dessas ações são encontrados nas políticas de educação e radiodifusão, e também nas políticas editoriais e no enquadramento jornalístico dos oligopólios de mídia.
O silenciamento de importante parcela da população, por meio da exclusão da educação formal e da consequente impossibilidade de acesso a bens públicos negados aos analfabetos, foi uma política do Brasil Colônia que se prolongou para além da Independência.
Por outro lado, desde que a mídia passou a ser a principal mediadora da voz pública, suas políticas de funcionamento muitas vezes operam como políticas de silenciamento.
As omissões rotineiramente praticadas no enquadramento de coberturas jornalísticas obedecem a estratégias editoriais que constituem, na verdade, formas de silenciamento e censura disfarçada.
A chegada da internet e das redes sociais digitais, embora ofereça enormes possibilidades de interação social, também produz novas formas de silenciamento, pela manipulação de algoritmos e pelas bolhas digitais que reduzem a realidade a nichos excludentes de pensamento único.
Promover a justiça social, a dignidade humana e a fraternidade é, portanto, um chamado para que a mídia cristã combata a cultura do silêncio e restitua a voz àqueles que, historicamente, foram excluídos e silenciados.
Brasília, 24 de outubro de 2025.
Venício de Lima.





