O Observatório da Comunicação Religiosa tem acompanhado a generalizada e crescente radicalização da sociedade brasileira. Ela alimenta uma CULTURA DO ÓDIO na qual os que divergem passam a ser tratados como INIMIGOS que devem ser eliminados, e não como eventuais ADVERSÁRIOS, com os quais se deve dialogar.
A campanha eleitoral do ano passado com a deliberada utilização de notícias falsas, exacerbou essa CULTURA DO ÓDIO que certamente está na raiz das cenas de barbárie antidemocrática em Brasília, que todos assistimos pela TV, no último dia 8 de janeiro.
Também chamada de GUERRA CULTURAL, essa radicalização, não só se reflete nos diferentes meios de comunicação, como sua presença neles, contribui para que ela se consolide e se aprofunde ainda mais.
Disseminada através dos meios tradicionais – rádio e televisão – e, sobretudo, através das redes digitais – influenciadores, canais no YouTube, grupos no WhatsApp – ela contaminou e exacerbou divergências também DENTRO DA PRÓPRIA IGREJA.
Esse é um tema delicado, mas ignorá-lo não contribui para sua solução. O primeiro passo, portanto, é reconhecer sua existência e falar sobre ele.
Recentemente o YouTube baniu de sua rede um grupo de católicos radicais. Com sede no Rio de Janeiro, este grupo trabalha agressivamente contra os ensinamentos do Concílio Vaticano II, tachado de “modernista”, de destruir os valores tradicionais da Igreja, de descaracterizar a liturgia e – até mesmo – de abrir as portas da Igreja para o comunismo!!!
Além disso, investe sistematicamente contra bispos e outras autoridades da Igreja, inclusive o próprio Papa.
Respeitados analistas têm se referido a uma Igreja que estaria “rachada”, “dividida” ou a uma “ruptura interna no tecido católico brasileiro”.
O problema, infelizmente, não existe apenas no Brasil.
Na sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação Social que será celebrado em maio, o Papa Francisco reconhece: Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol duma comunicação «de coração e braços abertos» não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um”
É exatamente isso o que precisamos fazer.
Não só os profissionais da comunicação.
Todos nós!
Trabalhar incessantemente para uma comunicação “de coração e braços abertos”. Com Justiça, sem radicalismos, sem polarizações. Pelo diálogo e pela tolerância. E sempre em busca de uma fraterna CULTURA DO ACOLHIMENTO.