Olá, bem-vindas/os a mais um espaço de reflexão e partilha do Observatório da Comunicação Religiosa.
Hoje, queremos dialogar com vocês sobre um tema urgente e muito atual: a comunicação em defesa da Casa Comum, em tempos de emergência climática.
Muitos devem ter acompanhado os acontecimentos na Cúpula dos Presidentes da Amazônia, nos dias 8 e 9 de agosto, em Belém. Eu também estava lá, em nome da Igreja, como Rede Eclesial Panamazônica-REPAM. Estavam presentes quase 30 mil pessoas, dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, dos grandes centros urbanos e de outros territórios da Amazônia.
Gostaria de saber se e como esta notícia chegou até você. Isso nos faz refletir sobre a urgência de uma comunicação pautada pela gravidade da situação socioambiental em que nos encontramos.
Como todos os temas delicados, também a emergência ambiental é um argumento tratado de modo diferente, conforme os interesses de quem fala. Os indígenas ou as famílias de pequenos agricultores lutam pelo direito à terra e afirmam que é seu modo de vida e de preservação dos biomas que pode garantir o equilíbrio climático. As companhias petroleiras dizem que, sim, o petróleo seria em parte a causa do aquecimento global, mas que elas podem fornecer os lucros necessários para uma mudança de sistema, possivelmente quando o petróleo terminar.
O agronegócio continua a dizer que é Pop, mas continua a usar agrotóxicos e venenos que realmente são muito “populares”, porque contaminam a água e o alimento de cada um de nós…
Quando a disputa é por dinheiro, cada um constroi a sua verdade e faz muita propaganda dela.
A maioria da população tem claro quais são os efeitos das mudanças climáticas, mas conseguiram nos confundir bastante, ou nos dividir, a respeito das causas. Uma ferramenta muito comum para criar esta confusão na comunicação é o negacionismo, para o qual o método e as afirmações científicas têm o mesmo valor da propaganda que circula nas redes sociais.
Outra estratégia é gerar impotência: uma certa comunicação negativa sobre os problemas socioambientais mostra que eles são tão grandes e tão distantes que não cabe a nós, não são assunto nosso e não vale a pena se organizar para enfrentá-los. Melhor cuidar de minha vida, minha família e meu dia a dia, outros (talvez) cuidarão do resto.
Outra ação dos que defendem os interesses de quem destroi o Planeta é atacar a Igreja, dizendo que não cabe a ela falar destes assuntos ou empenhar-se neles. Ainda bem que o Papa Francisco escreveu uma encíclica sobre isso, a Laudato Si’, e nos incentiva a cuidar da Ecologia Integral!
Enfim, meu irmão, minha irmã, se quiser ser um evangelizador, peça a Deus a sabedoria e o espírito crítico para interpretar a comunicação dos outros, não se deixar enganar e se tornar, você também, um comunicador/a serviço da vida – neste caso, na proteção de nossa Casa Comum!