Você acompanhou o 15º encontro do Intereclesial das CEBs, as Comunidades Eclesiais de Base?
Eu estava lá, em Rondonópolis (MT). Foi um momento de fé e espiritualidade muito intenso, com participação de 1150 delegados das CEBs do Brasil inteiro.
Conosco estavam também 50 bispos, entre os quais o presidente da CNBB. Papa Francisco enviou uma mensagem carinhosa, de apoio e estímulo: a Igreja é como a água: se a água não corre no rio, fica estagnada, adoece. Por outro lado, a Igreja quando sai, quando caminha, se sente mais forte. Sigam adiante e que a Igreja de vocês seja sempre em saída, nunca escondida.
Como Observatório da Comunicação Religiosa, queremos avaliar como foi a comunicação deste evento tão importante para a Igreja Católica do Brasil, que se repete de quatro em quatro anos.
De fato, as CEBs são uma expressão de Igreja participativa, ministerial, com protagonismo dos cristãos leigos/as, e podem nos inspirar para uma comunicação viva e contagiante de nossa espiritualidade e do Evangelho!
Dialogando com os organizadores do 15º Intereclesial das CEBs, percebi quão organizado foi o processo rumo ao evento de Rondonópolis. A equipe de comunicação foi a primeira a ser constituída, compreendendo que havia um país inteiro a ser animado e despertado até a celebração de 2023 – primeiro grande evento das CEBs depois da pandemia.
Assim, o Intereclesial foi preparado com um ano de sensibilização, outro dedicado ao envolvimento e um terceiro à formação. Desde 2019, as comunidades celebravam a cada mês, no dia 15, o “Dia D”, rezando e se preparando para o Intereclesial, que assim foi dilatado para todo o cenário nacional, envolvendo muitas lideranças e comunidades.
Durante o evento, algumas TVs católicas produziram e divulgaram matérias e aprofundamentos de qualidade.
Como sempre, não faltaram as críticas de pessoas que se dizem cristãs, mas negam o modelo de Igreja proposto a partir do Concílio Vaticano II e confirmado pelo atual magistério. Circularam alguns vídeos polêmicos e agressivos. As CEBs tiveram a sabedoria de não revidar diretamente, mas intensificaram a comunicação da fé e da esperança de que se tocavam com a mão nos espaços celebrativos e de reflexão do Intereclesial.
Foi importante, também, mostrar o envolvimento dos 50 bispos presentes no evento, sua participação nos grupos de debate, suas entrevistas e manifestações de apoio.
Assim, o fanatismo de alguns grupos radicais ficou delimitado à bolha de difusão autorreferencial que eles mesmos produziram.
Espero que este breve testemunho e reflexão ajude a confirmar, em você que escutou, a paixão pelas Comunidades Eclesiais de Base e o compromisso que cada um de nós pode assumir em dar visibilidade a este modo sempre novo e apaixonado de ser Igreja!