Querido irmão, querida irmã, com certeza você já ouviu falar do Sínodo ou de uma Igreja sinodal, não é?
Se faz parte de uma comunidade cristã, provavelmente participou de alguma roda de conversa sobre isso… talvez até já conheceu os resultados das consultas feitas no Brasil e no continente latino-americano.
Agora, tudo o que as igrejas discutiram e propuseram está chegando à assembleia em
Roma, junto ao Papa. Sua primeira etapa será neste mês de outubro.
Para isso, já está pronto um Instrumento de Trabalho.
O Observatório da Comunicação Religiosa quer analisar, brevemente, o que tem a ver este Sínodo com a comunicação… e vice-versa.
Mais que os resultados do Sínodo, acreditamos que a diferença virá de seu processo, se realmente nossas igrejas fizerem a experiência de uma comunicação interna aberta, respeitosa da identidade e do protagonismo de todos os seus membros, acolhedora também das vozes críticas ou das categorias mais excluídas, que pedem espaço e escuta.
O Instrumento de Trabalho do Sínodo comenta que isso é um ensinamento do próprio Concílio Vaticano II: a principal missão da autoridade na Igreja é proteger as diversidades e valorizar as diferenças, para que componham uma unidade mais rica e aberta.
É necessário ser mestres na comunicação.
O exercício de comunicar é o antídoto ao autoritarismo, na Igreja; é um direito e um dever de cada cristão, do bispo até a coordenadora de uma comunidade de base.
Como é triste ouvir, hoje mais que nunca, grupos cristãos fundamentalistas e arrogantes, que se acham os únicos donos da verdade e renegam a história da Igreja do Brasil e do continente, taxando-a de ideologia… não aprenderam do Concílio Vaticano II, não estão caminhando em Sínodo e demonstram que são bons de comunicação sim, mas só para seus próprios pares, para confirmar aquilo que já pensam…
Tem um outro ponto que se refere à comunicação, no Instrumento de Trabalho: a necessidade de renovar a linguagem usada pela Igreja.
Muitas das comunidades consultadas disseram que a Igreja precisa reaprender a se comunicar, para interagir com os homens e as mulheres de hoje. Renovar a linguagem litúrgica, a pregação, as catequeses e todas as formas de comunicação.
Este é outro ponto delicado: claro que não podemos perder o patrimônio de nossa tradição, a sabedoria e as raízes profundas do ensinamento da Igreja. Porém, aos olhos de muitos, a Igreja é um sistema que fala para si mesmo, incapaz de conectar seus ritos, preceitos e discursos com a vida real das pessoas, amedrontada pelo desafio de dialogar com as culturas e deixar-se transformar por este encontro.
Sim, sem dúvida a comunicação é decisiva em nosso jeito de ser Igreja, de nos relacionar entre nós, membros das comunidades cristãs, e de alcançar as pessoas que queremos apaixonar pelo Evangelho!