Vivemos em um tempo em que as redes sociais digitais deixaram de ser apenas espaços de interação para se tornarem arenas públicas de denúncia, visibilidade e responsabilização. O que antes era restrito às grandes corporações de mídia, hoje se multiplica em inúmeras vozes e perspectivas. Cada usuário pode expor abusos e injustiças que por muito tempo permaneceriam silenciados.
Esse fenômeno nos lembra de que o algoritmo, tantas vezes criticado, também pode nos convocar à responsabilidade enquanto cidadãos. Ele não apenas entrega entretenimento, mas nos expõe às dores e urgências da sociedade. E toda visibilidade traz consigo uma escolha ética: o que estamos amplificando e o que estamos silenciando?
A pulverização de conteúdos trouxe liberdade, mas também riscos: excesso de informações, fake news e manipulação. Nesse contexto, o papel do comunicador, como lembra o Observatório da Comunicação Religiosa, torna-se decisivo — seja no exercício profissional ou na missão no ambiente eclesial.
Somos chamados a interpretar, verificar, contextualizar e dar sentido ao que circula. A comunicação não pode ser apenas reativa, mas ética, responsável e transformadora. Comunicar não é simplesmente informar: é formar consciências, oferecer horizontes e abrir diálogos.
Na comunicação religiosa, em rádios, TVs ou redes digitais, esse desafio ganha contornos ainda mais profundos. Se, por um lado, as redes potencializam a voz do povo e ampliam o alcance das mensagens de fé, por outro, exigem discernimento. Não basta reproduzir conteúdos: é preciso cultivar um olhar pastoral que promova a verdade, a justiça e a comunhão.
Assim, a comunicação religiosa não deve se limitar a divulgar eventos ou repetir fórmulas. Ela deve iluminar a realidade com espírito crítico e valorizar vozes que clamam por dignidade. Ao olharmos para as redes sociais digitais como espaço de denúncia e construção cidadã, percebemos que somos corresponsáveis — como comunicadores, como sociedade e como Igreja.
Nosso compromisso é dar visibilidade ao que importa, oferecer critérios de discernimento e construir pontes num cenário fragmentado. Quando ética e comprometida, a comunicação deixa de ser mera transmissão de dados e se torna verdadeira mediação, com cuidado e sensibilidade pastoral.
Brasília,10 de outubro de 2025.
Janaína Gonçalves.