“Nenhum servo pode servir a dois senhores” (Lc 16,13). Este ensinamento ressoa como uma advertência urgente sobre a relação entre a fé e as riquezas, levando-nos a reconsiderar profundamente os princípios que orientam a nossa vida cotidiana e a nossa visão sobre o mundo.
Jesus pede a nós para assumir uma posição clara e coerente: é preciso decidir por um verdadeiro estilo de vida. A busca desenfreada pelo dinheiro pode resultar na substituição de Deus pelos bens materiais, com a falsa crença de que a verdadeira segurança e felicidade estão atreladas ao acúmulo de riquezas. Isso cria um abismo entre as pessoas, tornando-as concorrentes umas das outras, em vez de irmãs e irmãos na fé.
O Papa Leão XIII, em sua catequese, também denuncia o uso da riqueza como instrumento de opressão. Ele faz um apelo direto aos governantes, exortando-os a se libertarem da tentação de usar o poder econômico contra o povo, transformando-o em monopólios e armas que subjugam os trabalhadores.
Muitos até enriquecem às custas do ódio, favorecidos pelos algoritmos, verdadeiros manipuladores das fake news. “O verdadeiro servo de Deus é aquele que não se deixa escravizar pela riqueza, mas utiliza seus recursos para promover a justiça social e o bem comum. Em contraste, quem se submete à riqueza sem discernimento transforma o bem comum em uma mera presa para a própria ganância”, afirmou o Papa.
Em um contexto global de crises e conflitos, somos convidados a refletir sobre a indiferença diante da violência e da miséria. Muitas nações e povos são esmagados pela indiferença de uma sociedade que, muitas vezes, se volta para si mesma e ignora os sofrimentos alheios.
Em resposta a esse cenário, faz-se necessária uma conversão interior, para que possamos transformar a sociedade não apenas pela palavra, mas também pela ação, promovendo a caridade, a paz e a justiça social.
O Observatório de Comunicação Religiosa afirma: este chamado à conversão não é apenas religioso, mas também social e ético. Em um tempo marcado pela violência e pela desigualdade, a reflexão sobre a relação entre Deus e o dinheiro se torna mais do que uma questão espiritual; ela é uma questão de justiça social e de responsabilidade ética diante do próximo.
Brasília, 27 de setembro de 2025.
Por: Ir. Natanael de Melo Carvalho, CSsR